quinta-feira, 26 de maio de 2011

segunda-feira, 16 de maio de 2011

UE | PREVISÕES DA PRIMAVERA 2011-2012

Previsões da Primavera 2011-2012: a recuperação da Europa confirma-se, embora estejam a surgir novos riscos

A economia da UE parece encaminhar-se para uma maior consolidação da sua recuperação gradual, com as perspectivas para 2011 a serem ligeiramente melhores do que o projectado no Outono. Está previsto um aumento do PIB em cerca de 1 ¾% este ano e em quase 2% em 2012.

Estas previsões são confirmadas por perspectivas mais positivas para a economia mundial e pelo optimismo manifestado, em geral, pelo sector empresarial da UE. No entanto, a inflação está a aumentar mais rapidamente, reflectindo os aumentos nos preços dos produtos de base. A inflação global deverá atingir este ano, em média, quase 3% na UE e 2 ½% na zona euro, antes de aliviar para 2% e 1 ¾%, respectivamente, em 2012. Entretanto, as condições no mercado de trabalho deverão melhorar lentamente ao longo do período abrangido pelas previsões. Está prevista uma diminuição da taxa de desemprego em ½ ponto percentual, para um pouco mais de 9% na UE e para 9 ¾% na área do euro, até 2012. A consolidação orçamental está a avançar, prevendo-se uma descida dos défices públicos para cerca de 3 ¾ % do PIB até 2012. No entanto, as perspectivas continuam a ser muito variáveis de um Estado-Membro para outro.

O Comissário Europeu responsável pelos Assuntos Económicos e Monetários, Ollie Rehn, declarou: «A principal mensagem que transmitimos nas nossas previsões é que a recuperação da Europa é sólida e continua o seu caminho, apesar de alguma turbulência externa recente e de tensões nos mercados de dívida soberana. Os défices públicos estão claramente a diminuir. É essencial, neste momento, reforçar essas tendências de crescimento e consolidação e garantir que se traduzam num aumento do número e da qualidade do emprego. Para tal, será necessário continuar a avançar na consolidação orçamental e na aplicação determinada das reformas estruturais que ajudarão a criar empregos e a melhorar a competitividade das nossas economias».

A recuperação económica confirma-se

A recuperação económica continua a avançar na UE, apesar de algumas vulnerabilidades residuais nos mercados financeiros e de um ambiente externo que coloca desafios crescentes. A recuperação está a acelerar e deverá continuar nesse caminho ao longo de 2011, mais ou menos como anunciavam as previsões de Outono.

O investimento em equipamentos deverá acelerar significativamente este ano, apoiado na revisão em alta das perspectivas de crescimento das exportações. O investimento no sector da construção, pelo contrário, continuará a diminuir, reflectindo os ajustamentos em curso em diversos Estados-Membros. O consumo privado, entretanto, deverá recuperar de forma ligeira este ano na UE, numa recuperação gradual que deverá depois continuar a ser alimentada pela lenta melhoria das condições no mercado de trabalho, por um aumento moderado dos rendimentos e pela diminuição das taxas de poupança.

No entanto, as taxas de inflação em alta limitaram de certa forma o ritmo da recuperação gradual, por comparação com o que indicavam as previsões do Outono. Por outro lado, o processo de desalavancagem ainda em curso, tanto por parte das empresas como das famílias, a cada vez maior aversão ao risco e o impacto da consolidação orçamental deverão ter efeitos negativos no capital e no consumo a curto prazo.

Como acontece tipicamente na recuperação que se segue a crises financeiras profundas, a recuperação da UE deverá ser mais lenta do que aconteceu no passado, embora, à medida que a procura do consumo privado for aumentando, a recuperação tenda a ser cada vez mais sustentada. Em termos de médias anuais, prevê-se um crescimento do PIB ligeiramente acima dos 1 ½% na área do euro e dos 1 ¾% na UE durante este ano, e de cerca de 2% em ambas as zonas em 2012. Os valores de 2011 são ligeiramente superiores ao que era esperado na anterior previsão completa, do último Outono.

Evolução diferenciada consoante os Estados-Membros

Esta imagem global esconde grandes diferenças na evolução verificada em diferentes Estados-Membros. Alguns países, em particular a Alemanha, mas também outras pequenas economias orientadas para a exportação, registaram uma sólida retoma da actividade, enquanto que outros, nomeadamente alguns países periféricos, estão a perder terreno. Será de esperar que o ritmo de recuperação continue a ser variável no seio da UE.

A correcção em curso dos desequilíbrios intra-UE deverá continuar ao longo do período abrangido pelas previsões. O ajustamento será mais marcado nos países que apresentavam um défice mais elevado quando surgiu a crise, em grande medida devido à contracção do consumo. Verifica-se também que certos excedentes estruturais das contas correntes que eram tradicionalmente elevados estão a diminuir gradualmente, devido a um aumento da procura interna e ao dinamismo das importações.

Uma perspectiva de recuperação com bastante desemprego, mas com um melhoramento continuado das finanças públicas

A situação dos mercados de trabalho da Europa continua a ser muito variável, com a taxa de desemprego a variar entre 4-5%, nos Países Baixos e na Áustria, e 17-21% em Espanha e nos Países Bálticos. O emprego aumentou ligeiramente na UE no último trimestre de 2010, alimentado por uma evolução positiva em todos os sectores, com excepção do sector industrial e do sector da construção.

Tendo em conta o desfasamento habitual entre a produção e o aumento do emprego, este último deverá melhorar ligeiramente em ambas as zonas consideradas, ao longo deste ano. As perspectivas em termos de desemprego apontam para uma diminuição de cerca de ½ ponto percentual ao longo do período abrangido pelas previsões, em ambas as zonas consideradas. No entanto, e apesar de algumas melhorias desde o Outono, as perspectivas continuam a apontar para uma recuperação com bastante desemprego.

As finanças públicas começaram a melhorar no ano passado. Devido ao crescimento maior do que previsto e ao final das medidas temporárias de estímulo à economia, prevê-se uma diminuição do défice geral dos Estados da UE de cerca de 6 ½% do PIB em 2010 para cerca de 4 ¾% em 2011 e 3 ¾% em 2012, com um padrão de evolução semelhante mas algo mais lento na área do euro. Esta perspectiva é ligeiramente melhor do que se previa no Outono. A diminuição das despesas constituirá o essencial dos ajustamentos em ambas as zonas consideradas. A taxa de endividamento, pelo contrário, continua a aumentar ao longo do período abrangido pelas previsões, prevendo-se que venha a atingir cerca de 83% do PIB na UE e 88% na área do euro em 2012.

A inflação tem tendência para aumentar

Uma inflação relativamente elevada nos preços para o consumidor deverá ocorrer tanto na UE como na zona euro durante o futuro próximo, embora com níveis muito inferiores ao pico de 2008. Sobretudo impulsionada pela alta dos preços da energia, a inflação global deverá atingir este ano, em média, quase 3% na UE e 2 ½% na zona euro, antes de aliviar para cerca de 2% e 1 ¾%, respectivamente, em 2012.

A margem considerável ainda disponível na economia deverá conter tanto o aumento da massa salarial como a inflação subjacente, compensando parcialmente os previstos aumentos nos preços da energia e dos produtos de base.

Riscos para o crescimento persistentes, num ambiente cada vez mais incerto

As alterações políticas em curso no Médio Oriente e no Norte de África, associadas às consequências económicas do terramoto e do tsunami no Japão, alimentaram a incerteza e constituem um risco para a actividade económica mundial, podendo potencialmente conduzir a uma inflação mais elevada a nível mundial e a um crescimento inferior ao previsto no cenário de base.

Os mercados financeiros e, em particular, certos segmentos de títulos da dívida soberana, continuam frágeis, não podendo ser excluídos possíveis efeitos cíclicos prejudiciais. Constatam-se também riscos associados à tensão nos mercados de câmbio.

Pelo lado positivo, um crescimento mundial superior ao esperado, devido a um aumento da procura interna em mercados emergentes, poderá beneficiar ainda mais o crescimento das exportações da UE. A nível interno, a reorientação do crescimento do PIB da UE para a procura interna poderá revelar-se superior ao considerado nas previsões, com possíveis surpresas positivas, por exemplo, no mercado de trabalho. Da mesma forma, os efeitos positivos para outros Estados-Membros do forte impulso que se verifica na Alemanha poderão ser maiores do que se previa.

Em termos gerais, o equilíbrio dos riscos para as previsões de crescimento económico aqui apresentadas parece claramente negativo.

Informação mais detalhada em



quarta-feira, 11 de maio de 2011