terça-feira, 14 de agosto de 2007

VEREADOR SEM PELOUROS

Cesso, hoje, por Despacho do Presidente da Câmara, as funções na qualidade de Vereador com Pelouros. Na sequência dessa decisão e dos últimos acontecimentos, quero tornar público os seguintes considerandos:
1. Manifestar sentido agradecimento a todos colaboradores da Câmara Municipal do Cartaxo. O convívio intelectual, profissional que sempre me proporcionaram a par da sua simpatia pessoal têm sido fundamentais para o desenvolvimento da minha actividade política, para a qual sou eleito deste 1997. 2. Manifestar agradecimento a todos os eleitos que, nos diversos órgãos autárquicos apresentaram propostas, contributos para as áreas que tutelei. Penso que uma das grandes forças da democracia passa pela capacidade de convencermos outros e permitirmos que outros nos convençam, norteados pela procura do bem da comunidade que representamos. 3. Manifestar, de igual modo, o meu agradecimento aos Srs. Presidentes de Junta e ao Sr. Presidente da Assembleia Municipal, que, foram inexcedíveis na participação e implementação de projectos que vieram melhorar a qualidade vida dos nossos concidadãos. 4. Quero, também, agradecer a todo o universo associativo, aos agentes do universo educativo e a todas as entidades/associações com quem tive o prazer de trabalhar de forma estreita e que, com as suas experiências e vivências, muito enriqueceram o trabalho que desenvolvi em prol do nosso concelho. 5. Agradeço, também, aos meus concidadãos com os quais estabeleci sempre relações de grande proximidade e cordialidade no tratamento dos seus assuntos, recolhendo, da sua parte, a simpatia e a compreensão para as ocasiões em que a insuficiências dos meios de que dispomos não permitiram a rápida resolução que os seus problemas reivindicava. 6. Manifestar aos eleitores que reconheço-me nas principais linhas estratégicas de desenvolvimento do nosso município. Contudo, considero que temos que aumentar os níveis de exigência dos princípios e valores que norteiam a nossa acção política, aumentar os níveis de exigência na definição de equipas políticas, na forma como definimos as prioridades de intervenção e o tipo de recursos que afectamos, na forma como podemos tornar o processo de decisão mais participado. 7. Transmitir aos eleitores que depositaram confiança nesta lista do PS que me mantive sempre solidário com o projecto político do PS. Mesmo nas circunstâncias mais difíceis. Procurei fazê-lo sempre com muita serenidade, contribuindo por essa via para a estabilidade da equipa, sem prejuízo de nessas circunstâncias ter vincado a minha posição sobre aquele que era o meu entendimento acerca do melhor caminho a seguir. Mas que não se confunda solidariedade com subserviência. Ser solidário é ditarmos a nossa opinião. Não podemos virar as costas aos problemas. Temos que enfrentá-los se os queremos resolver. Para isso é fundamental em todas as circunstâncias, no seio das equipas, dizermos o que acreditamos ser melhor para o desenvolvimento do nosso concelho. 8. O exercício de um cargo político exige dos seus titulares, na forma como concebo o sentido da responsabilidade do seu desempenho, contenção verbal quanto a apreciações de carácter pessoal ou institucional. Não podemos esquecer que fomos eleitos para representar os nossos concidadãos e os interesses do Município. Penso ser este o melhor caminho para a valorização da actividade politica e de quem a exerce independentemente de estar a governar ou não. 9. Quem me conhece sabe que não centro a minha intervenção política em termos pessoais. Procuro norteá-la no campo da discussão das ideias e dos projectos. A crítica pessoal é o refúgio das pessoas sem ideias e sem projectos. 10. Toda a filosofia de fundo do sistema eleitoral actual empurra os eleitos para a sintonia com as direcções partidárias, mais do que para com os eleitores. E a lógica do sistema deixa muito pouca margem para a legitimidade individual e pessoal num sistema proporcional de eleição por lista onde, no boletim de voto, nem há nomes e muitas vezes os eleitores não identificam sequer o cabeça da lista em que votaram. Neste ponto, nunca devemos esquecer que a democracia também é a institucionalização do conflito, da divergência, do confronto das ideias. 11. Nas sociedades pós-industriais, sociedades abertas, plurais, complexas, as maiorias políticas deixaram há muito de ser blocos monolíticos, como verificamos nos países da Europa do norte. Assim, se somarmos a isto, a crise dos partidos, a desagregação dos sistemas ideológicos, os novos fundamentalismos, o impacto dos media na formação da opinião e a emergência de fenómenos de exclusão a escalas imprevisíveis, alteraram profundamente a relação entre eleitores e eleitos. A critica é vista como traição, a divergência como deslealdade e, de imediato, cola-se uma etiquete de grupo ou de conspiração a todas as vozes que, numa ou noutra matéria, são dissonantes de linha de orientação do do líder do PS/Cartaxo.. 12. A liberdade critica é um bem precioso que a democracia salvaguarda melhor que qualquer outro regime. O respeito que nos devemos a nós próprios e a coragem moral de assumir, em cada momento, aquilo que a nossa consciência dita, têm, de estar sempre acima dos interesses do poder. A divergência de opinião é a força e a razão de ser da democracia. 13. O exercício da actividade política, o futuro deste concelho, das suas gentes, não se compadece, no meu entendimento, com ambições pessoais. Os projectos políticos nascem e são realizados por uma equipa para dar resposta a ambições colectivas. Tenho para mim que uma liderança afirma-se por quem soma, acrescenta, agrega e integra. Não se afirma excluindo. 14. A obtenção de resultados exige estabilidade no exercício do poder. Nesse sentido quero deixar um desejo. O desejo que os tempos de estabilidade politica, entre os eleitos do PS nos órgãos autárquicos, regressem aos tempos que outrora tivemos com as lideranças do Dr. Renato Campos, do Dr. Conde Rodrigues e do Dr. Francisco Pereira. 15. Quero assegurar aos meus concidadãos que, da minha parte, continuará a existir total disponibilidade para contribuir com todo o meu trabalho e empenho no desenvolvimento do meu concelho. Como referi em anteriores ocasiões, se este é o preço que tenho a pagar por ser um homem livre, eu pago-o com muito gosto! E, homenageando um grande homem livre que este país tem no seu património, Miguel Torga, neste ano em que comemoramos o centenário do seu nascimento, termino, citando-o “Em qualquer aventura o que importa é o partir, não o chegar.”

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