segunda-feira, 24 de abril de 2006

Direitos ao Assunto: Cada vez mais nas "lonas"!

Apesar de ser um optimista convicto, acusado, talvez por isso, de muita “ingenuidade”, a verdade é que tenho de admitir que as coisas vão de mal a pior! Que coisas? Tantas… Ontem, já me pediram 55 cêntimos por um café, a gasolina chega aos €. 1,394, tudo aumenta! Nem me preocupo em arranjar mais exemplos de uma realidade que todos conhecem por experiência própria, sentem-no no “bolso”! Já começo a preocupar-me com as promessas de crescimento económico que não se cumprem. A crescente subida dos preços do petróleo não nos ajuda, além de ter consequências directas no orçamento de cada um, também se reflecte “fora de portas”. Como não podia deixar de ser (até para mim que não percebo muito destas “balanças”) as nossas exportações não aumentam, os nossos turistas não aparecem e por aí fora. Para piorar as coisas, aqueles que ainda tem a sorte de ter um emprego começam a ver os seus vínculos laborais cada vez mais precários. Como é possível “criar raízes”, dar um passo para a frente, se o dia de amanhã é cada vez mais incerto? A corroborar esta “triste” realidade, veio agora o governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, expressar aquilo que muitos já esperavam e todos não desejariam e que eu resumo assim: vamos ter mais impostos e maiores impostos. “As medidas para condicionar a despesa pública levam tempo a produzir efeitos e é necessário começar a reduzir o défice já este ano, pelo que será porventura inevitável adoptar medidas também do lado das receitas” – disse. O “porventura” do senhor governador não deve ser lido em meu entender. Apesar de o não dizer claramente, o que também não me parece coerente com tradição destas “comissões independentes”, percebe-se que o défice passará dos 6,83 % do PIB. Sócrates, que se ouvirá esta quarta feira no Parlamento, já tem planos para aumentar os impostos, introduzir portagens nas SCUT´s, entre outras medidas. Há até quem defenda a implementação de um imposto transitório sobre pessoas e empresas, a saber, o Presidente da Associação Industrial Portuguesa. Uma coisa é certa, há já quem diga que com esta realidade, com este relatório – acompanhado por outros dois não menos importantes, o do FMI e outro da OCDE, este último que vaticina o fim da crise para 2010 (!) – acabou o “estado de graça” do Governo de Sócrates. Parece-me uma conclusão acertada. O choque tecnológico, a desburocratização, a aposta nas novas tecnologias, tudo isto tem que começar a produzir frutos. Isto é, é preciso que o Estado comece a poupar. Não pode continuar a sustentar-se esta crise com o endividamento crescente dos cidadãos. O Estado tem que dar o exemplo e, até agora, não o tem feito! E, se não for assim, cada vez mais se porá em causa o investimento público, nomeadamente, os “gigantes” OTA e TGV! Perante tudo isto, lamenta-se que o Ministro das Finanças venha reiterar o compromisso de não aumentar impostos, estabelecendo como meta para o défice, os 4,6%. Será que é preciso mais indicadores para se “agarrar o boi pelos cornos” como disse um respeitável comentador político, em vez de se andar a atirar areia para os olhos? P.S.: Quando é que isto pára? Quando é que voltamos a ter uns “tostões” no bolso? http://forum.advogadosctx.com/ Texto enviado por José Augusto Jesus