sábado, 29 de janeiro de 2011

CHINA É A ALTERNATIVA AOS MERCADOS EUROPEUS

Exportações nacionais para o mercado chinês cresceram 15,8% em 2010. Máquinas e minerais entre os produtos mais vendidos. Subida das vendas de vinho e azeite é significativa.

As empresas portuguesas estão a derrubara muralha da China e a olhar para este país como uma alternativa aos mercados europeus. Até Novembro último, as exportações nacionais para a China cresceram 15,8 % e este ano deverão continuar a aumentar.

Num ano adverso para as economias da Europa, a China foi um um dos destinos que ganharam relevo nas exportações portuguesas, posicionando-se como uma alternativa à diminuição da procura por parte de países europeus. E há vários sectores a desbravar caminho até ao mercado chinês. Entre os principais sectores exportadores nacionais para China estão os minerais e minérios, que representam mais de 21 % do total exportado, as máquinas e aparelhos eléctricos (com um peso de 15 %), produtos químicos (11 %), madeira e cortiça (8,7 %) e as pastas celulósicas e o papel (8,5 %).

Mas as oportunidades são vastas para os produtos portugueses e entre os sectores que no ano passado conseguiram aumentar as vendas para este mercado, destacam-se produtos tão tradicionais como o vinho e o azeite.

"O potencial da China em termos de vendas é enorme. Temos casos de empresas de vinhos, biotecnologia, farmacêutica e de mobiliário que estão a apostar neste mercado", refere Sara Medina, administradora da Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI), que desde 1999 tem apoiado empresas portuguesas a investir e a exportar para aquele mercado.

"O sector do azeite tem muito potencial, os vinhos também, sobretudo pela boa imagem que as marcas portuguesas têm na China", destaca a consultora. Uma oportunidade que não passou ao lado de uma das marcas nacionais de azeite. A Gallo decidiu começar a exportar azeite para a China há dois anos. "Começámos a trabalhar o mercado chinês em 2008 e concretizámos a primeira venda em finais de 2009", conta a directora de exportações da Gallo Worldwide, Helena Bento.

A China foi identificada pela empresa como um mercado com potencial e, no primeiro ano, deu para perceber que o público-alvo é o segmento de gama alta. "Na China, o azeite é comprado, maioritariamente, para ser oferecido. Neste contexto, os Extra Virgens, sobretudo, as variedades mais premium, são muito bem aceites", refere Helena Bento.

Ainda sem número de vendas a apresentar, a empresa refere que os próximos passos na China serão dados na "conquista e alargamento da distribuição" do azeite Gallo. Nos últimos cinco anos, segundo a AICEP, as exportações portuguesas para a China registaram uma taxa de crescimento média anual de 8 %, uma tendência que na opinião de Sara Medina vai manter-se. "Nunca vi tanto interesse real pela China", confessa a administradora da SPI.

Um interesse impulsionado pela necessidade das empresas darem a volta à crise na Europa "As PME estão a ter dificuldades a nível económico e de liquidez e têm de arranjar soluções que passam pela internacionalização e por ver outros mercados além dos habituais", sustenta ara Medina.

O QUE VENDEMOS

As exportações de máquinas e aparelhos eléctricos e de produtos minerais destacam-se com os maiores valores exportados para a China, entre Janeiro e Novembro de 2010, ultrapassando os 40 milhões de euros. No ano passado, as vendas de máquinas e aparelhos eléctricos cresceram 63 %, para os 472 milhões de euros, mas no caso dos produtos minerais assinalou-se uma descida de 5,1 %, para os 43 milhões de euros.

A sustentar o aumento das vendas estiveram, ainda, os materiais de transporte, onde se incluem os automóveis, que subiu 65 % (de 4,8 milhões de euros, de Janeiro a Novembro de 2009, para 8 milhões nos mesmos meses de 2010). Mas há crescimentos significativos em capítulos, como o que inclui o azeite, onde as vendas subiram 57%, passando de 523 mil euros para 824 mil euros, e no que abrange o vinho, onde o crescimento foi de 94 %, de 2,6 milhões de euros, para 5,1 milhões. Igualmente em destaque está o indicador que abrange a cortiça com uma subida de 38 %, para os 23,3 milhões de euros nos primeiros onze meses de 2010.

A LUPA EXPORTAÇÕES

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), de Janeiro a Novembro de 2010, as exportações portuguesas para a China atingiram os 208,3 milhões de euros, mais 15,8 % que os 179,8 milhões de euros exportados nos primeiros 11 meses de 2009.

IMPORTAÇÕES

Do gigante chinês, Portugal importa sobretudo máquinas e aparelhos eléctricos, que representaram 41% do montante global importado em 2009. Segue-se o vestuário, os metais comuns e as matérias têxteis. Até Novembro do ano passado, Portugal comprou 1,4 mil milhões de euros à China, mais 42,3 % que nos mesmos meses de 2009.

16.° CLIENTE

Em 2009, a China surgiu em 16.° lugar na nossa lista de clientes, apresentando uma quota de 0,7 %. Por outro lado, este país foi o 9.° maior fornecedor português, com uma quota acima dos 2 %. De janeiro a Agosto de 2010, segundo uma análise da AICEP a China situou-se na 21a posição no ranking de clientes, com uma quota de 0,63 %, e em 7° lugar em termos de fornecedores, com um valor percentual de 2,8%.

755 EMPRESAS JÁ EXPORTAM

De acordo igualmente com os dados do INE, o número de empresas portuguesas a exportar para a China tem vindo a aumentar, passando de 571 empresas, em 2005, para 755, em 2009.

MAIS DE CINCO MIL IMPORTAM

O número de empresas portuguesas que importam produtos do mercado chinês passou de 4411, em 2005, para 5330 em 2009.

GOVERNO APOIA INVESTIDA

Em Junho do ano passado, o ministro da Economia, Vieira da Silva, anunciou, em Xangai, na China, que o Governo português ia lançar uma linha de crédito para aumentar o volume das exportações para a China. Até agora não surgiram mais novidades sobre esta linha, que segundo o ministro estava num estado de concretização "muito avançado".