terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

UE | COMISSÃO QUER FLEXIBILIZAÇÃO DO FUNDO

Apesar da Alemanha estar contra a comissão diz que o trabalho entre os Estados membros continua e que espera decisões finais já em Março.

Apesar da oposição de Berlim, a Comissão Europeia afirmou ontem que vai insistir para que o reforço do fundo de resgate, que será decidido pelos líderes em Março, inclua não apenas um aumento da capacidade de empréstimo como também uma flexibilização, ou seja incluir a possibilidade de linhas de crédito pontuais ou permitir que sirva para comprar títulos da dívida. A Alemanha, num esforço de última hora na cimeira de líderes de sexta-feira passada, retirou das conclusões a promessa de uma maior flexibilização do fundo.

O comissário dos assuntos económicos e monetários, Olli Rehn, confrontado com o recuo da Alemanha, disse que "o trabalho continua e os contactos entre os estados membros estão a ser feitos: espero decisões finais em Março". O gesto alemão foi aceite pelos restantes da zona euro e vem confirmar os ecos vindo de Berlim sobre uma recusa em permitir que o fundo compre títulos da dívida soberana de países em apuros.

Rehn diz esperar que a cimeira de Março "reforce a governação económica (...), adopte um reforço da capacidade efectiva de empréstimo do actual fundo e também torne o seu uso mais flexível". Mas as conclusões da cimeira notam que os líderes esperam "propostas concretas do Eurogrupo para reforçar o EFSF [fundo de resgate] de forma a garantir a eficácia necessária para prestar o apoio adequado", ou seja a elevar o seu 'poder de fogo' de 250 para os 440 mil milhões de euros prometidos.

A porta-voz de Durão Barroso explicou que "os líderes escolheram manter a linguagem de Dezembro" mas um outro responsável da Comissão sob anonimato explicou ontem que "na discussão de flexibilizar o fundo, os alemães estão na estaca zero e não têm pressa". Tudo indica que Berlim vai guardar esse trunfo até garantir um reforço da disciplina e uma perda de soberania na política económica no resto da zona euro, explica.

Ontem em Bruxelas o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, voltou a apelar para a adopção do pacote de reforço da governação económica onde inclui este reforço do fundo. Trichet e outros banqueiros centrais estão preocupados com alguma perda de credibilidade com os programas massivos de compra de títulos da dívida. Nas duas últimas semanas, o BCE deixou de o fazer, embora não tenha anunciado o fim destas "medidas extraordinárias".