segunda-feira, 3 de agosto de 2009

FOGO AMIGO


A semana que passou foi (des)animada pelo “caso” Joana.
Foi “caso” a partir do momento em que Louçã atirou a este propósito que “José Sócrates decidiu convidar uma activista do BE, Joana Amaral Dias, para nº 2 da lista do PS em Coimbra oferecendo-lhe lugares de Estado, numa política de vergonha [de] tráfico de influências [de] compra de apoios (…)”. Foi caso porque Paulo Campos demorou demasiado tempo a clarificar o que tinha realmente acontecido. Foi caso porque Joana estava de férias, não atendia jornalistas, e porque era quem mais tinha a ganhar em fazer “render o peixe”.
Vamos aos factos. Paulo Campos sondou/convidou Joana Amaral Dias para integrar a lista de deputados do PS por Coimbra. Diz-nos a boa prática social – não apenas política – que antes de formalizarmos um convite para ocupar um cargo político, um cargo profissional ou numa outra qualquer organização, saibamos previamente da disponibilidade do convidado para a sua aceitação.
Numa organização política onde impera a soberania dos estatutos e respectivo sufrágio pelos órgãos partidários, essa questão nem chega a ser, nessa fase, vinculativa. Portanto, ainda que em vez de ter “indagado”, Paulo Campos tivesse “convidado” como interpretou Joana, jamais esse "convite" teria carácter definitivo. Basta qualquer um de nós acompanhar de perto a vida de um partido democrático, para saber – tal como veio a acontecer – que é normal que as propostas iniciais, depois de discutidas, sofram alterações. E ainda bem que assim é!
Resultado de tudo isto. Louçã fez o discurso da indignação, procurando a partir do "namoro" a Joana enviar mensagens destinadas ao casamento do Zé e do Miguel com o PS. Quem acompanhou as reacções bloquistas, nomeadamente nos blogues, à decisão de José Sá Fernandes integrar a lista do PS com António Costa e de Miguel Vale de Almeida com José Sócrates, entende bem para que serviu, também, toda esta polémica.
Serviu também, e muito, a Joana Amaral Dias. Permitiu-lhe restaurar algum do capital de simpatia que em tempos teve dentro do BE, e que havia perdido ao apoiar Mário Soares na qualidade da mandatária para a juventude nas últimas presidenciais. Entretanto à nossa direita esfregam-se as mãos.