quarta-feira, 5 de agosto de 2009

ACERTO DE CONTAS

Manuela Ferreira Leite (MFL) deu mais um sinal ao país – não apenas ao Partido – daquilo que pretende para o futuro.
Ontem esperava da líder do PSD um sinal completamente diferente. Esperava que, dentro da boa tradição que o PSD quase sempre teve, – é importante reconhecer isto – as várias tendências continuassem a coexistir no Parlamento.
Mas não. Ferreira Leite afastou Pedro Passos Coelho e Miguel Relvas, afastou Barrosistas, dando a mão a alguns Santanistas para poder fazer passar a sua proposta. Ainda assim rasgou 1/3 de PSD.
Deixou de fora muitos daqueles que dentro do PSD davam rosto à renovação e ao incoformismo. Ficou, por isso, assumido que quer reeditar, com alguns retoques, o período cavaquista e que, também personificada na inclusão de Maria José Nogueira Pinto (ex-candidata a líder do CDS-PP), a linha política será conservadora.
Há um mérito de MFL que importa reconhecer. Ainda sem ideias e sem programa para apresentar aos portugueses, clarificou para o país aquilo que não podem esperar dela.
Não esperem dela um espírito reformista ou qualquer rasgo de renovação. Não esperem dela espírito de abertura. Não esperem dela tolerância por quem pensa diferente. Não esperem dela qualquer apelo à concertação ou ao diálogo. Numa altura em que as sondagens aproximavam o PSD do PS este acerto de contas interno pareceu-me um tiro no pé.
Também dá um sinal de fragilidade. Uma líder que convive mal com a crítica mas que premiou quem tanto criticou por quem lá passou. Por exemplo, como é que se sentem os apoiantes de Santana Lopes (perto de 1/3 de PSD) e de Luis Filipe Menezes (aquele 1/3 de Passos Coelho) sobre a candidatura de Pacheco Pereira a Santarém?
Para além disso penso que deu um sinal pior. De quem não vai a jogo com os melhores. O sinal de quem vai a jogo na expectativa. A jogar apenas no erro do adversário. Vai a jogo com os seus. Se perder não terá instabilidade nem alternativa vinda da bancada. Passará a jogar na expectativa da queda do Governo PS e ir novamente a votos. Já aconteceu com Durão Barroso. Lembram-se?