quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

REGULAÇÃO EM ESPANHA PRESSIONA BANCA NACIONAL

A decisão do governo espanhol de obrigar os bancos a terem um rácio de solvabilidade ("core capital") de 8%, até Setembro, vai pressionar os bancos portugueses a reforçarem o seu capital.

Numa nota divulgada na terça-feira, o Espírito Santo Investment Bank (ESIB) diz que a medida avançada pelo executivo de José Rodríguez Zapatero "não é uma boa notícia para os bancos portugueses", pois "pode potencialmente colocar mais pressão nos bancos, uma vez que os seus rácios de solvabilidade continuam a ser motivo de preocupação".

O ESIB cobre o BCP e o BPI, em Portugal. O primeiro está em situação mais frágil já que em Setembro de 2010 tinha um "core tier I" de 5,6%, longe dos 8% exigidos em Espanha. A instituição liderada por Carlos Santos Ferreira deverá dar novos passos para elevar o rácio, como, por exemplo, a venda de activos ou uma desalavancagem do balanço. O BPI apresentou ontem um rácio de 8,7% no final de 2010. O Espírito Santo diz também que a qualidade dos activos (carteira de crédito) dos bancos portugueses é melhor que a dos espanhóis, pelo que têm mais tempo para recompor os rácios de solvabilidade.

Se em Portugal é ainda uma possibilidade, em Espanha é certo que as instituições financeiras vão ter de aumentar capital. O diário "El Mundo" noticiou ontem que cinco caixas de aforro ("cajas") e dois bancos têm, actualmente, rácios de capital inferiores a 8%. A que apresenta os piores rácios é a Nova Caixa Galicia, que tem um "core capital" de 6%, o que vai obrigá-la a reforçar os capitais em 1,17 mil milhões de euros. Unimm, Catalunya Caixa, Caja Duero-Espaflae Banco Financiero y de Ahorro, Bankinter e Sabadell completam a lista O número de Cajas incumpridoras poderá ser ainda maior. A ministra das Finanças, Elena Salgado, clarificou ontem que às "cajás" será exigido um rácio entre 9% e 10%. O Banco de Espanha estimou em 20 mil milhões de euros as necessidades de capital do sistema financeiro.

UIm valor que fica aquém do estimado por alguns bancos de investimento. Joaquín Almunia, comissário europeu da Concorrência, disse ontem que aquela soma é insuficiente. As instituições que não conseguirem dinheiro privado serão parcialmente nacionalizadas com dinheiro do fundo público de resgate.