quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

FMI, O FINANCIAMENTO DOS ESTADOS E DA BANCA

No relatório das Perspectivas Económicas Mundiais o FMI prevê a continuação das dificuldades de financiamento nos países periféricos da Zona Euro.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) não apresentou, ontem, novas previsões para Portugal. As últimas, datadas de Outubro, apontavam para uma recessão neste ano, com uma contracção do PIB de -1,4 % (+0,2 %, segundo o Governo), seguida de uma recuperação tímida de +0,6 % em 2012.

O FMI prevê que os diferenciais ("spreads") das dívidas soberanas europeias e os custos de financiameato para os bancos do continente deverão, por isso, manter-se elevados na primeira metade do ano, com o "reintensificar" da turbulência financeira na região, num cenário global em que "as condições de financiamento bancário na maioria das economias avançadas deverão ser mais fáceis".

Numa actualização das suas Perspectivas Económicas Mundiais, o FMI reviu em alta o crescimento económico mundial, para 4,5 %, contra os 4,25 % anteriores, com as economias emergentes e os países em vias de desenvolvimento a apresentar os principais casos de sucesso e as economias avançadas expandir 2,5 %, entre 2011 e 2012, numa tendência que deverá deixar de fora a periferia da eurolândia. O crescimento nas economias mais avançadas (2,5 %) e na Zona Euro (1,5 %) deverá ser insuficiente para baixar as altas taxas de desemprego em 2011.

Portugal voltou, ontem, a ocupar o 5.º lugar no "clube" dos 10 países com maior risco de incumprimento da dívida soberana à escala mundial, segundo o monitor da CMA Data Vision. O ranking é formado pelos chamados seguros contra risco de incumprimento ("credit default swaps"). Depois de ter saído desta posição na sexta-feira passada, o país voltou a um nível de risco superior. No entanto, no mercado secundário da dívida, as obrigações do tesouro a 10 anos transaccionavam-se ontem nos 6,96 %, descendo ainda mais no final do dia. "Em Portugal, não precisamos de qualquer ajuda financeira de nenhum tipo de instituição internacional", sublinhou Carlos Costa Pina, numa conferência que decorreu, ontem, em Nova Iorque.

Portugal já conseguiu assegurar mais de quatro mil milhões de financiamento nos mercados de dívida neste ano, segundo o Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público.

A primeira emissão de dívida do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), para o qual Portugal também contribui ao nível das garantias contra incumprimento, teve procura para colocar 43 mil milhões de euros pela linha de 5 mil milhões de euros com maturidade a cinco anos. De acordo com a agência Blòomberg, citando duas pessoas envolvidas nas transacções, a dívida emitida teve ofertas de cerca de 500 investidores.

A Irlanda, que deverá receber um total de 17,7 mil milhões de euros deste fundo em dois anos, será o primeiro país a receber estes fundos.