quinta-feira, 30 de julho de 2009

A JUSTIÇA FISCAL DE FERREIRA LEITE

Ontem, Ferreira Leite, na conferência “Transformar Portugal”, organizada pelo jornal Diário Económico disse: “Eu discordo completamente que sejam tomadas em relação ao sistema fiscal medidas discricionárias, como, por exemplo, uma que foi anunciada ultimamente e que tem a ver com a tal linguagem dos ricos e dos pobres, dizendo que em relação aos ricos se vai retirar determinado tipo de benefícios, de deduções fiscais, e em relação aos outros provavelmente não.”
Manuela Ferreira Leite, declarou-se, também, contra o que chamou de “uma quase perseguição social” dos ricos, contestando a ideia de lhes “retirar determinado tipo de benefícios, de deduções fiscais”.
Ainda sobre a proposta apresentada pelo Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, no sentido de retirar benefícios aos ricos para poder redistribuir pelos mais pobres, Ferreira Leite afirmou: “Não creio que o sistema fiscal possa fazer política nesse sentido”. Acrescentou ainda que não considera "aceitável que os políticos falem em privilégios ou criem dicotomias como ricos e pobres”.
Atrevo-me a retirar duas ideias destas declarações, mesmo sem esperar pela tradução/interpretação do Dr. Pacheco Pereira, que nos dirá o que a Dra. Ferreira Leite queria realmente dizer.
Esta ideia de que não compete também ao sistema fiscal sustentar uma política redistributiva a favor da redução das desigualdades sociais é assustadora. Depois da genuína vontade manifestada em rasgar as políticas sociais do PS – o recuo não me pareceu genuíno – chega agora a inquietação de Ferreira Leira pela "quase perseguição aos ricos".
A segunda ideia é que de facto sempre que Ferreira Leite fala de improviso, sempre que sem guião nos diz o que realmente pensa, acumula contradições. Das poucas posições públicas do PSD que vamos conhecendo – das obras públicas às políticas sociais – vamos compreendendo a razão do “voto de silêncio” de Manuela Ferreira Leite.